AIG


Apesar da pior crise que a AIG viveu em toda sua história, esse gigante americano não teve sua importância reduzida no mercado financeiro. Por pior que seja essa crise, a empresa deixou um legado para sempre: foi uma das pioneiras na formação daquilo que hoje se convencionou chamar de “global players”, grandes empresas ou conglomerados que possuem mais influência e poder que muitas nações e que, através do “softpower”, permitiram avanços enormes na globalização. A AIG é um ícone do mercado financeiro mundial e uma das marcas mais conhecidas no segmento de seguros. Por essas razões dificilmente irá desaparecer do mercado, tamanha sua importância e relação com o poder.

A história
Embora possua um nome americano, as raízes da tradicional empresa encontram-se na Ásia. O fundador, Cornelius Vander Starr, um americano de origem holandesa e veterano da Primeira Guerra Mundial, viajou para a Ásia com apenas 300 ienes (menos de US$ 3 nas atuais taxas de câmbio) em seu bolso e abriu uma pequena empresa (composta apenas por duas salas e duas mesas), chamada American Asiatic Underwriters (AAU), na cidade de Xangai, na China, no ano de 1919. Com a ajuda de um sócio, começou a vender seguros marítimos e contra incêndios de outras seguradoras americanas, sendo o primeiro estrangeiro a fazer isso na China, e rapidamente expandiu os negócios inaugurando escritórios por todo o país (nem mesmo as convulsões sociais impediram que as portas da empresa estivessem abertas em Pequim e Hong Kong), Filipinas, Indonésia e Malásia, contratando agentes e gerentes locais, em uma estratégia de negócio que a empresa usa ainda hoje.


A abertura de um escritório nos Estados Unidos só aconteceu em 1926, muito porque a situação de guerra civil na China e a política expansionista japonesa aconselhavam alguma cautela e obrigaram a um abrandamento do crescimento da empresa na região. A proximidade da Segunda Guerra Mundial e a iminente chegada dos comunistas ao poder deram motivos suficientes para que Starr mudasse a sede para os Estados Unidos em 1939, quando a empresa se transferiu para o emblemático edifício Empire State em Nova Iorque. Depois de fusões com outras seguradoras do país, a empresa passou a se chamar American Home em 1952, e finalmente, em 1967, após mais uma onda de fusões, adotou oficialmente o nome de AIG (abreviação de American International Group).


Maurice Greenberg assumiu o cargo de presidente da empresa, substituindo o visionário Cornelius Starr. O executivo focou a empresa em grandes transações comerciais, aumentando a participação da AIG no ramo dos seguros de vida e outros, que há décadas atrás eram muito incomuns, como por exemplo, seguro contra sequestros e proteção contra ações judiciais movidas contra executivos de uma empresa. Aos poucos foi mudando o foco da empresa que passou a atuar fortemente na cobertura corporativa, que possuía uma margem elevada. Já em 1975, Maurice fez uso de suas grandes e importantes relações pessoais, quando a China ainda era um país fechado e marcado pelo suspiro final dos anos da Revolução Cultural, visitando Pequim e estabelecendo laços de amizade com a liderança comunista.


Além de popularizar os seguros no país, o executivo internacionalizou a empresa, diversificou seus produtos ingressando na área financeira e ganhou invejável influência que o permitia circular na Rússia durante a guerra fria ou mesmo nas alas mais reservadas da Casa Branca, não importa quem fosse o presidente americano. Seus funcionários queixavam-se das pressões. Os acionistas o endeusavam. A era Greenberg na AIG foi marcada por ganhos médios de 14% ao ano e, por isso, ele era visto como um herói do capitalismo por Wall Street. O executivo conduziu a AIG por 38 anos, até que no mês de abril de 2005, uma investigação do Procurador-Geral do estado de Nova Iorque, Eliot Spitzer, o fez se afastar do comando, por acusação de que negócios de resseguro finito emitidos em favor da AIG pela General Re, entre 2000 e 2001, foram realizados para aumentar os prêmios líquidos e as reservas do ressegurador. Era o início de uma crise sem precedentes na história da AIG, agravada ainda mais pela grave crise econômica que assolou o mundo a partir de 2008, gerando perdas astronômicas.


Após passar por uma enorme reestrutura, que culminou com a troca de seus principais executivos, inúmeras demissões, vendas de muitas subsidiárias mundiais e sua divisão em três blocos de negócios, seguros de ramos elementares, seguros de vida e previdência e outras atividades, a empresa deu sinais de recuperação, voltando a ser lucrativa. O segmento de ramos elementares da empresa virou a CHARTIS (que atua no ramo de seguros para pessoas físicas e jurídicas, servindo mais de 70 milhões de clientes em 130 países, oferecendo um dos mais extensos portfólios de produtos e serviços do mercado) e as duas operações de vida, Alico e AIA, foram negociadas com MetLife e Prudential do Reino Unido. A AIG, que recebeu um total de US$ 182 bilhões do governo dos Estados Unidos durante a crise financeira, já pagou 75% desse valor, embora o Tesouro norte-americano ainda detenha menos de 20% de participação na empresa.


A pior crise de sua história
Terremotos, furacões, enchentes, revoluções ou até mesmo uma guerra nuclear. Maurice “Hank” Greenberg construiu a AIG para sobreviver a todo e qualquer desastre. Outrora maior seguradora do mundo – chegou a ter US$ 800 bilhões em ativos –, durante décadas a empresa garantiu cobertura a pessoas e empreendimentos de qualquer magnitude em 130 países, não importando a natureza do risco. O maior de todos eles, porém, acabou com a própria AIG e nem mesmo Greenberg foi capaz de prever. Era difícil imaginar que um gigante como a AIG pudesse ruir. Mas os indícios de que isso poderia acontecer começaram no final de 2007, quando a empresa anunciou perdas de US$ 5.3 bilhões no último trimestre do ano. Nos dois primeiros trimestres de 2008, essas perdas subiram para US$ 13.16 bilhões. A situação começava a ficar dramática: o valor da AIG no mercado despencou. Em março valia US$ 107 bilhões, poucos meses depois, em setembro, chegou ao fundo do poço, perdendo 94,2% de seu valor de mercado. Depois do pedido de concordata do quarto maior banco americano, o Lehman Brothers, no dia 14 de setembro de 2008, a gigante AIG parecia séria candidata a ser a próxima vítima da crise financeira, pois o mercado temia que a empresa fosse obrigada a arcar com outros bilhões de dólares em perdas adicionais uma vez que ofereceu garantia a complexos instrumentos financeiros atrelados a empréstimos para a aquisição de imóveis, cujos valores despencaram. A situação se tornou insustentável, e, no dia 16 de setembro, a empresa sofreu uma grave crise de liquidez, após a queda de sua classificação de risco. Para evitar a quebra da seguradora - e o consequente aprofundamento da crise dos subprimes - o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) anunciou a criação de uma linha de crédito de até US$ 85 bilhões, por um período de 24 meses, a uma taxa 8.5%, tendo como garantia 79.9% das ações da empresa. Foi a maior operação de salvamento de uma empresa privada empreendida pelo governo americano em toda a história. Afinal, se o colosso global entrasse em colapso, as consequências iram superar todas as outras falências. No começo de março de 2009, o governo americano ampliou sua participação na problemática gigante de seguros por meio de uma injeção de US$ 30 bilhões em capital em troca de ações preferenciais. Isto ocorreu poucas horas antes da empresa divulgar um prejuízo de US$ 61.66 bilhões no quarto trimestre de 2008 e uma perda anual de US$ 99.2 bilhões, o maior da história corporativa americana, quebrando o recorde registrado pela Time Warner em 2002.


O apoio aos esportes
Nos esportes, a AIG patrocinou durante muito tempo o Japan Open Tennis Championships, torneio de tênis que ficou conhecido como AIG Open. No futebol, em 2006, a empresa assinou um contrato de patrocínio de quatro anos com o Manchester United, clube com a maior torcida da Inglaterra. Em 2012, uma das equipes de rúgbi mais famosas do planeta, a seleção neozelandesa, conhecida como “All Blacks”, fechou um acordo de patrocínio de cinco anos e meio com a AIG.


A evolução visual
Em 2012 a AIG apresentou sua nova identidade visual, que marca também uma nova fase para a empresa depois da enorme e devastadora crise econômica iniciada em 2008. Com nova tipologia, mais leve, o novo logotipo adotou também uma azul mais claro como cor e ganhou ares de modernidade. O novo logotipo reflete uma AIG reconstruída e reenergizada; e com olhar para um futuro – contemporâneo, dinâmico, transparente e revitalizada.


Os slogans 
Strength to be there. (2007) 
We know money. (2003) 
The greatest risk is not taking one. (2002) 
A partner in your future. (2002) 
World leaders in insurance and financial services. (2001) 
Secure your future. (2000) 
Insuring your work, your life, your world. (1997)

Dados corporativos
● Origem: China
● Fundação: 1919
● Fundador: Cornelius Vander Starr
● Sede mundial: New York City, New York
● Proprietário da marca: American International Group, Inc.
● Capital aberto: Sim (1969)
● CEO & Presidente: Robert Herman Benmosche
● Faturamento: US$ 64.2 bilhões (2011)
● Lucro: US$ 17.79 bilhões (2011)
● Valor de mercado: US$ 53.6 bilhões (outubro/2012)
● Clientes: 74 milhões
● Presença global: 130 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 57.000
● Segmento: Financeiro
● Principais produtos: Seguro de vida, seguro para danos e aposentadorias
● Concorrentes diretos: Allianz, AXA, ING, Allstate e Prudential Financial
● Slogan: The Strenght to be there.
● Website: www.aig.com

A marca no Brasil
No Brasil, a AIG iniciou sua atuação no ano de 1997, em parceria com o Unibanco. Com a abertura do segmento de resseguros, o grupo americano demonstrou interesse em ingressar no mercado brasileiro através da Transatlatic Re. e da AIU. De sua associação com o Unibanco, resultou a Unibanco AIG. Após a grave crise financeira mundial, em 2010 a empresa resolveu voltar a investir no país e criou a CHARTIS, a operação de ramos elementares do grupo passará a disputar contratos de petróleo, energia elétrica e garantias a grandes projetos em geral, como navios e aviação. Além disso, a nova estratégia de investimentos é o setor de varejo, com apólices para automóveis, proteção ao crédito e acidentes pessoais.

A marca no mundo
A AIG, maior empresa seguradora americana, vende seus serviços (seguro de vida, seguro para danos e aposentadorias, serviços financeiros e gestão de ativos) para mais de 74 milhões de clientes em 130 países. O setor de serviços financeiros dirige a filial de crédito aeronáutico International Lease Finance Corporation (ILFC), maior cliente da Airbus e da Boeing. A ILFC administra uma frota com mais de 900 aviões e valor superior a US$ 50 bilhões.

Você sabia?
● AIG, que foi durante muito tempo a maior seguradora mundial, ocupa agora apenas a terceira posição, depois da holandesa ING e da alemã Allianz.

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