AL JAZEERA

Ela é o grande ícone da população árabe. Contestada em boa parte do ocidente. Adorada pelos fanáticos religiosos do oriente. Acusada por Israel de anti-semitismo e pelos Estados Unidos de antiamericanismo. Ela é uma janela do mundo árabe para o planeta e um desafio às perspectivas ocidentais da “guerra ao terror”. Mas o que poderia causar tamanha controvérsia? A rede de televisão AL JAZEERA, talvez o maior fenômeno recente da mídia mundial.

A história
A rede televisiva árabe AL JAZEERA, que se posiciona como a “CNN em língua árabe”, foi fundada no dia 1 de novembro de 1996, no pequeno país árabe do Catar pelo emir local, o Sheikh Hamad bin Khalifa, com investimentos de US$ 150 milhões. Isto aconteceu logo depois que a rede britânica BBC encerrou as atividades de seu canal direcionado para o povo árabe, fechado devido a uma “pequena discordância” entre os ingleses e os patrocinadores sauditas: a tentativa de censura a um documentário sobre execuções judiciais na Arábia Saudita. A palavra Al Jazeera significa, em árabe, The Island ou A Península Arábica. Inicialmente transmitia apenas seis horas por dia de programação. No ano seguinte, já havia passado para 12 horas, e, exatamente no dia 1 de janeiro 1999, chegaram às 24 horas sem pausa na transmissão. Rapidamente o canal se destacou por alcançar um nível de liberdade de expressão e de oposição raramente visto no mundo árabe, acostumado a uma mídia controlada e dócil, mera porta-voz de comunicados oficiais, posicionando-se como a primeira rede de televisão árabe sem cunhos políticos, ou seja, totalmente independente. A liberdade de expressão incomodou e fez dela a pioneira também a sofrer censura por causa disso. Inovou ao denunciar casos de corrupção e irregularidades políticas na região, além de se opor editorialmente ao que considera ser a “manipulação norte-americana” em cobertura de guerras em locais.


A AL JAZEERA se tornou notícia mundial com sua excelente cobertura das operações americanas e britânicas no Iraque em 1998 e com a segunda Intifada Palestina em 2000. Pouco conhecida até o fatídico 11 de setembro de 2001, teve sua fama espalhada rapidamente pelo mundo depois de veicular imagens e vídeos do terrorista Osama Bin Laden escondido nas cavernas e da milícia Talibã. As mensagens enviadas pelo terrorista foram retransmitidas para o mundo inteiro e assistidas por milhões de pessoas. A partir deste momento o mundo passou a conhecer a AL JAZEERA. Depois vieram as guerras do Afeganistão (2002) e do Iraque (2003), onde sua cobertura fugiu do patriotismo exagerado que caracterizou as transmissões das grandes redes de TV norte-americanas, além de constantemente divulgar cartas e vídeos, em primeira mão, atribuídos ao terrorista e líder da organização Al-Qaeda.


Tornou-se o canal preferido dos militantes muçulmanos para divulgar suas ações, mostrando inclusive estrangeiros seqüestrados no Iraque no cativeiro ou sendo executados, neste último caso não levando ao ar as cenas mais fortes. Mas talvez seu maior crime tenha sido o fato de que, pela primeira vez na história da mídia eletrônica, uma estação fora do alcance dos governos ocidentais noticiava ao vivo diretamente de zonas de combate. Isso tornou a AL JAZEERA objeto de perseguições generalizadas. Durante a guerra do Iraque o governo americano não gostou de ver imagens de seus soldados capturados, mortos ou feridos e, em represália, proibiu seus membros mais graduados de falarem à emissora. Esta foi a reação visível. Clandestinamente, tentou destruir as instalações da emissora e mandou hackers invadirem sua página oficial na Internet. Nos primeiros dias da invasão do Iraque, duas sedes provisórias da AL JAZEERA naquele país foram atingidas pela artilharia da coalizão, matando quatro jornalistas. Recentemente, a emissora teve um papel fundamental nas transmissões de uma série de conflitos políticos que se desencadearem em países árabes do norte da África e do Oriente Médio. Não há dúvidas que a rede de televisão AL JAZEERA se tornou um dos grandes sucessos na história da mídia e uma marca muito forte não somente entre o povo árabe, chegando a incomodar os poderosos do ocidente.


A linha do tempo
2001
● Lançamento de sua página na Internet, em árabe.
2003
● Lançamento de sua página da Internet na língua inglesa.
● Lançamento em outubro do AL JAZEERA MOBILE, serviço de notícias via celular.
● Lançamento do seu canal de esporte chamado AL JAZEERA SPORTS. O novo canal foi ao ar pela primeira vez no dia 1 de novembro. Rapidamente se tornou o maior canal esportivo do oriente médio, principalmente em razão da transmissão dos campeonatos europeus de futebol.
2005
● Lançamento em outubro do AL JAZEERA CHILDREN CHANNEL (JCC), um canal de televisão voltado exclusivamente para as crianças. Com uma programação a princípio apenas em árabe, a emissora infantil era uma iniciativa conjunta do governo do Catar e da multinacional francesa Lagardère Images. O público-alvo era crianças entre 3 anos e 15 anos, divididas em três faixas de programação: “pré-escola” (3 a 6 anos), “pré-adolescentes” (7 a 10 anos) e “adolescentes” (11 a 15 anos). A JCC tem 235 funcionários e escritórios no Cairo (Egito), em Beirute (Líbano), Amã (Jordânia), Rabat (Marrocos) e Paris. Seu sinal é aberto e transmitido para mais de 22 países árabes e a Europa.
● Lançamento do AL JAZEERA MUBASHER (também conhecido como AL JAZEERA LIVE), um canal que transmite eventos ao vivo, sem edições ou comentários.
2006
● Lançamento mundial no dia 15 de novembro do seu canal de notícias em inglês, com objetivo de enfocar os acontecimentos do Oriente Médio sob uma visão árabe a um público acostumado a versões ditadas pelos interesses políticos de Washington e Londres. Inicialmente anunciado com o nome AL JAZEERA INTERNATIONAL, teve seu nome alterado para AL JAZEERA ENGLISH. Seus centros de transmissão estão localizados em Doha, Kuala Lumpur (Malásia), Londres e Washington. O slogan do canal é “Setting The News Agenda”.
2007
● Lançamento em 1 de janeiro de seu canal especializado em documentários (especialmente história, política, tecnologia e ciências) conhecido como AL JAZEERA DOCUMENTARY CHANNEL.


Os slogans
Setting The News Agenda.
The Opinion and the Other Opinion.
 (A opinião e a outra opinião)
Every side every angle.
All The News All The Time.
The right not to remain silent.
The Sport is our world. And the world is our field.
 (ALJAZEERA SPORT)


Dados corporativos
● Origem: Catar
● Fundação: 1 de novembro de 1996
● Fundador: Sheikh Hamad bin Khalifa Al-Thani
● Sede mundial: Doha, Catar
● Proprietário da marca: Qatar Media Corporation
● Capital aberto: Não
● Chairman: Hamad bin Thamer Al-Thani
● Diretor geral: Wadah Khanfar
● Faturamento: Não divulgado
● Lucro: Não divulgado
● Audiência: + 220 milhões de lares
● Presença global: 100 países
● Presença no Brasil: Sim
● Maiores mercados: Países árabes
● Funcionários: 3.000
● Segmento: Mídia
● Principais produtos: Canais de televisão e Internet
● Principais concorrentes: CNN e BBC
● Ícones: O sensacionalismo
● Slogan: The Opinion and the Other Opinion.● Website: www.aljazeera.net

A marca no mundo
A rede de televisão árabe, com sede na cidade de Doha, possui alcance de 220 milhões de lares em 100 países e acabou se tornando uma das mais fortes grifes do mundo árabe. Hoje, a emissora emprega cerca de 450 jornalistas, sendo 70 correspondentes internacionais, alocados em 23 escritórios espalhados pelo mundo. A audiência da emissora está em constante crescimento e é prioritariamente de telespectadores localizados no chamado mundo árabe, mas também nas populações de imigrantes da Europa, principalmente na Alemanha e na França. No Brasil, pode ser vista pela Internet ou através de uma antena parabólica.

Você sabia?
● Em recentes pesquisas feitas pela consultoria britânica Interbrand, a marca AL JAZEERA é apontada como uma das mais influentes do mundo.
● A AL JAZEERA não atrai o ódio só do Ocidente. O regime islâmico radical da Arábia Saudita só a tolera porque sabe que tomar medidas mais drásticas contra a emissora só fará aumentar a impopularidade da monarquia.

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